domingo, 25 de julho de 2010

Quando a desesperança reina...


"Espera...
A espera cansa qualquer corpo de qualquer ser.

Esperança...
A esperança da recuperação se esvai... Contudo, o doente não sou eu.
Vergonha...
Sinto vergonha por aquele que se entrega sem querer lutar.

Medo. Tenho medo por aquele que me ensinou a enfrentá-lo.
Alguém... Ajude-o... Porque eu já não posso mais.
Anjos... Sussurrem em seu ouvido... Pois cansei de gritar.
Minha garganta se torna árida e engulo em seco ao vê-lo tomar mais um pouco para depois eu saber que já foi demais.

Covardia...
A covardia de quem se esconde na noite sonolenta de meus olhos fechados para cometer seu crime.
Ilusão amarga, pois na manhã que nasce bêbeda meu olhar saberá.
E pior se forem meus ouvidos e não meus olhos.
Pois a pessoa a quem ele mais magoa é quem me contará.
Será ela que sofrerá mais por perder quem ama.
Mas eu é que irei observar seus olhos decepcionados sem brilho.
Serei eu a escutar o tom grave da esperança que foge pela sua voz.

Alguém... Ajude-o... Já não podemos mais.
Alguém pare aquele copo... Não tenho mais forças para isso.
Por favor... Quebrem a garrafa, joguem-na no chão como tantas vezes quis fazer, mas a covardia me segurou.

O amor destroçado e a esperança humilhada me impedem.
O respeito já escapou pela janela a muito tempo.
Da seda rubra de meu coração de filha, só me resta uma tira rasgada que perde seu último brilho.

Por favor... Ajudem-me, pois não o conheço mais."


06/10/2009